Parcelas menores podem sair mais caras no fim

Parcelas menores podem sair mais caras no fim

Maria sonhava com o primeiro carro próprio e, ao pesquisar o financiamento, escolheu a menor prestação possível para não comprometer seu orçamento. No entanto, ao olhar para o valor total pago após cinco anos, a surpresa foi grande: ela gastaria quase R$ 50 mil em juros.

Essa realidade se repete entre quem decide diluir a dívida ao máximo. Entender o funcionamento de cada variável e avaliar o custo efetivo total antes de fechar o contrato faz toda a diferença.

Como funciona o financiamento

Financiar envolve três fatores principais: o valor do bem, a taxa de juros e o prazo de pagamento. A partir dessa combinação, a instituição define o valor de cada prestação mensal.

Em linhas gerais, você pode:

  • Pagar parcelas maiores e quitar o financiamento em menos tempo.
  • Optar por parcelas menores e estender o contrato por mais meses.

Na segunda opção, a vantagem aparente é a redução da pressão no orçamento mensal, mas o prazo estendido multiplica a incidência acumulada de juros sobre o saldo devedor.

Quanto aos sistemas de amortização, o SAC (Sistema de Amortização Constante) oferece amortização fixa com juros decrescentes, enquanto a Tabela Price mantém prestações iguais que combinam amortização e juros de forma balanceada. Cada modelo impacta de maneira diferente o valor das parcelas e o montante total pago.

Simulações práticas comparando diferentes prazos

Para ilustrar o efeito do prazo no valor final pago, apresentamos exemplos de financiamento de carro e imóvel com dados de 2025.

No caso do veículo, aumentar o prazo de 60 para 84 meses resulta em um acréscimo de mais de R$ 13 mil no total pago, mesmo com parcela mensal reduzida em cerca de R$ 400.

Já no financiamento imobiliário, prolongar o prazo de 20 para 35 anos eleva o custo final em mais de R$ 150 mil, apesar de a prestação ficar R$ 700 menor.

O impacto dos juros compostos

É importante compreender que os juros compostos incidem tanto sobre o valor inicial quanto sobre os juros já acumulados nos meses anteriores. A fórmula básica é:

Valor Futuro = Valor Atual × (1 + taxa)ⁿ

onde “n” representa o número de períodos. No caso de um financiamento de cinco anos com taxa de 1,7% ao mês, o montante final pode quase dobrar em relação à quantia original.

Por isso, quem se limita a optar por parcelas menores a cada mês costuma não perceber quantas vezes paga o valor real do bem, e acaba comprometendo sonhos e planos futuros.

Dicas para equilibrar conforto e custo

Para evitar surpresas, siga estes passos antes de assinar qualquer contrato:

  • Calcule quanto você realmente pode destinar mensalmente, incluindo despesas fixas e uma reserva para emergências.
  • Compare diferentes bancos e cooperativas para encontrar as menores taxas de juros e menores tarifas de abertura de crédito.
  • Considere aumentar o valor da entrada para reduzir o valor total financiado.
  • Verifique o Custo Efetivo Total (CET) e todas as taxas envolvidas, como seguros e tarifas bancárias.

Com o planejamento adequado, você terá mais segurança e equilibrar conforto mensal com custo a longo prazo.

Alternativas e programas habitacionais

O programa Minha Casa Minha Vida, atualmente chamado Casa Verde e Amarela, atende famílias com renda de até R$ 7 mil, oferecendo taxas de juros abaixo do mercado, subsídios diretos no valor financiado e prazos que podem chegar a 420 meses.

No entanto, mesmo nessas condições especiais, o mecanismo de juros compostos pode elevar o valor final se o prazo for muito longo.

Outras possibilidades de reduzir o custo total incluem:

  • Economizar antecipadamente para aumentar o valor da entrada e reduzir o montante financiado.
  • Participar de consórcios, que não cobram juros, mas exigem pagamento de taxa de administração.
  • Negociar diretamente com construtoras em lançamentos, buscando descontos ou condições diferenciadas.

Em qualquer cenário, é essencial avaliar sempre o custo efetivo total para tomar a melhor decisão.

Depoimento de quem planejou

Após usar uma planilha de simulação e conversar com um especialista, João conseguiu reduzir seu financiamento de 30 para 25 anos, pagando parcelas apenas R$ 300 maiores e economizando mais de R$ 100 mil em juros.

Conclusão

Parcelas menores parecem vantajosas no curto prazo, mas, sem um estudo detalhado, podem comprometer seu patrimônio e seus sonhos.

Conhecer o funcionamento dos sistemas de amortização, o impacto dos juros compostos e o cálculo do CET é fundamental para tomar uma escolha consciente e segura.

Pesquise, faça simulações e planeje-se para garantir que o financiamento seja um aliado dos seus objetivos, não um obstáculo ao seu futuro.

Felipe Moraes

Sobre o Autor: Felipe Moraes

Felipe Moraes, 36 anos, é colunista do documentarios.org, onde compartilha seus conhecimentos sobre planejamento financeiro, crédito pessoal e investimentos.